quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Desenrolando Truffaut - Os Incompreendidos



Os Incompreendidos
Título Original: Les Quatre Cents Coups
Gênero: Drama
País: França
Ano de Produção: 1959
Tempo de Duração: 94 minutos
Direção: François Truffaut
Elenco: Jean-Pierre Léaud, Claire Maurier, Albert Rémy, Guy Decomble, Georges Flamant, Patrick Auffray




Impressiona a atualidade de alguns aspectos deste belo filme de Trauffaut, seu primeiro longa metragem que lhe garantiu aos 27 anos o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes. 

Embora o contexto fosse outro - uma França no período pós guerra e o status da infância muito diferente do atual - o fato é que se evidencia a estigmatização de alunos que acabam por tornar-se alvo das críticas de professores e que ocupam um lugar de descrédito de onde parecem não conseguir sair. Antoine Doinel busca existir numa família e numa escola onde não cabe. O padrasto o tolera e a mãe o despreza.

Na escola para meninos, autoritária e repressora, a necessidade de extrapolar aparece nas pequenas indisciplinas, nas gozações feitas às costas do professor, no poema escrito na parede, nas mentiras. Antoine torna-se o bode expiatório da turma, alvo dos destemperos do professor quase caricato. Mostra-se ingênuo em suas leves inclinações deliquentes: copia por engano o nome do amigo na tentativa de falsificar um bilhete e decide devolver o fruto de um roubo quando não consegue vendê-lo.

Os momentos bonitos e hilários ficam por conta da sincera amizade entre Antoine e René, negligenciado como ele, e nas fugas de Antoine, escondido pelo amigo em uma gráfica e em sua própria casa.

O filme é autobiográfico e Truffaut traz cenas de sua primeira adolescência. O filme foi inovador na forma como foi conduzido e na temática, buscando romper com a "tradição de qualidade" presente no cinema francês da época que o diretor criticava veementemente.


A cena final do filme deixa uma dúvida: o olhar de desespero de Antoine quando na fuga do reformatório encontra pela primeira vez o mar significa a morte, o fim da linha? Talvez sim. Ou talvez tenha sido a morte de Antoine para a infância frente aos dissabores.


A negligência e o abandono é o aspecto que nos pareceu mais presente. Vivemos um momento em que as instituições, a família entre elas, buscam rever seu papel numa sociedade de intensas mudanças. Transferem-se responsabilidades para outras esferas - escola, estado. Por vezes, fica enfraquecido o vínculo parental que se traduz em falta de contato, de limites e de esforço que a educação demanda.



Participantes:
Alcione M. Marques- Instituto Sedes Sapientiae
Jandira P. C. Melo – Instituto Sedes Sapientiae
Wolney Cândido Melo - Atitude Educacional
Mediação: Ms. Elisa Maria Pitombo- Instituto Sedes Sapientiae 

Desenrolando o Ano

Programem-se para os próximos encontros do Desenrolando a Fita:

10 de setembro  - filme: EM UM MUNDO MELHOR

8 de outubro      - filme: UM SONHO POSSÍVEL

19 de novembro - filme: UM DOCE OLHAR