terça-feira, 24 de abril de 2012

Preciosa




 
Título original: Precious
Diretor: Lee Daniels
Elenco: Gabourey Sidibe, Mo'Nique, Paula Patton, Mariah Carey, Lenny Kravitz.
Duração: 110 min.
Ano: 2009
País: EUA
Gênero: Drama

Nossa discussão começou com a fala da Elisa: “Nossa, acho que carregaram na tinta! É muita desgraça para uma pessoa só!” Assim é Preciosa, uma história de esperança (EUA, 2099), um filme impactante sobre uma adolescente que enfrenta enormes dificuldades, numa vida recheada de tragédias.

Preciosa vive com a mãe no Harlem, subúrbio de Nova Iorque, num pequeno apartamento escuro e pobre. É negra, obesa, foi abusada pelo pai, de quem teve uma filha com Síndrome de Down que é criada pela avó, e está grávida dele novamente.

A mãe é de uma crueldade que fez algumas de nós ter de parar para respirar durante o filme. Acusa a filha de ter feito “seu homem” ir embora, usa de violência física e psicológica com constantes xingamentos e depreciações, obriga Preciosa a fazer todos os afazeres domésticos, incluindo a comida, que deve ingerir em grandes quantidades para que fique cada vez mais obesa. Permitiu o abuso da filha pelo pai em prol de sua própria conveniência e considera que toda a família deve ficar com ela para que possa tirar partido dos benefícios sociais dessa proximidade.

No início, a adolescente fala pouco e suas feições são carregadas. Ela não tem voz como pessoa. Mesmo com a oposição da mãe, ela frequenta a escola, onde fica alheia e não consegue ler ou escrever. Preciosa se refugia em suas pequenas fantasias onde se imagina com um namorado branco e bonito, vive num mundo de glamour e se vê amada. Talvez tenha sido esse o caminho para que ela mantivesse sua sanidade.

Quando percebe que Preciosa está grávida novamente, a diretora da escola regular recomenda que ela procure uma escola alternativa. E a alternativa vem cheia de significados – “alter” é outro e é a partir do olhar do outro que Preciosa passa a existir. As relações que pode estabelecer com a professora e com os colegas fazem com que possa se reconhecer. A nova escola é um ambiente que dá possibilidades e oportunidades, um ambiente “suficientemente bom”.

Pensamos na importância dessa professora e o quanto ela age psicopedagogicamente. Dá voz aos alunos, todos eles com problemas de comportamento e de aprendizagem. Quando Preciosa diz à professora que não sabe nada, essa retruca: “Todo mundo sabe alguma coisa”. Preciosa, certo dia, responde à pergunta da professora: “Onde você está?” e então pode dizer: “Estou aqui, estou existindo aqui hoje”.

No começo as letras e as palavras para ela são indistintas: “Para mim o que está escrito é tudo igual”. Num processo em que vai diferenciando as letras e as palavras ela pode também se perceber, nomear seus conflitos,  refletindo sobre eles e externando sua dor. A linguagem, como afirmou Vygostky, organiza o pensamento.

Preciosa passa a trocar um diário com a professora, a ter um interlocutor que possibilita que ela assuma sua autoria de pensamento. Descobre o prazer de conhecer e por meio da aprendizagem consegue romper com o ciclo de violência onde está imersa. Reflete sobre suas possibilidades e faz escolhas, escolhas vinculadas aos seus valores e crenças.

Embora o desenrolar dramático da história não tenha conduzido exatamente ao que se pode chamar de “final feliz”, sentimo-nos, de certa maneira, como sugere o título do filme: cheias de esperança. A esperança de que sempre haverá uma saída onde houver um olhar que reconheça o outro, um olhar que permita o encontro, onde se possa SER.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Preciosa, nosso próximo encontro!!



Preciosa nos faz refletir o quanto a cidadania e a marginalização podem ser presentes na escola. Essa adolescente, com um histórico familiar de abusos, é deixada de lado na sala de aula até que é encaminhada para uma escola que atende estudantes com problemas de adaptação na escola regular.

A partir da sensibilidade e do olhar de uma professora, esta jovem passa a perceber-se como pessoa e encontra forças para romper com  o ciclo de violência e exclusão.

Teremos um rico debate no próximo sábado, 14/04, as 16:00 hs!

Participe!

Desenrolando a Fita