Título original: Phoebe in Wonderland
Duração: 95 minutos (1 hora e 35 minutos)
Gênero: Drama
Direção: Daniel Barnz
Ano: 2009
País de origem: EUA
Nesse
belo filme, a família de Phoebe parece perdida com relação a ela, mostrando-se
desinformada e alheia aos problemas da filha. É justamente ela que assinala que
precisa de ajuda, pois não sabe como lidar com seus impulsos. No entanto, todas
as situações são trazidas de uma maneira bastante humana, ou seja, com acertos
e erros.
Quando
o terapeuta psiquiatra trata a menina e identifica a síndrome, a mãe, não
suportando essa informação, retira Phoebe da terapia. O casal fica em desacordo
nas questões familiares, realmente confusos em relação ao que poderia estar
acontecendo com a filha. Ambos preocupados com suas carreiras, mas ainda assim
amorosos, tentam compreender o que acontece e tentam ajudá-la sem muitos
recursos, pois há um descompasso da família em algumas questões que não ficam
bem esclarecidas no filme. O pai se distancia um pouco por conta de seus
compromissos acadêmicos.
É
interessante notar como as crianças nessa película são cientes de seus papeis e
angústias. Desde o melhor amigo de Phoebe, que deseja interpretar na peça
teatral da escola um personagem feminino, até sua irmã que expõe seu
desconforto em relação a ela, são crianças que refletem como espelhos seus
sentimentos. Apenas Phoebe expõe seu lado afetivo de modo compulsivo e
confuso...
Na
trama do filme, delicadamente tecido sobre a história do livro de Lewis Carol, Phoebe
passeia entre a realidade e a fantasia de Alice. No entanto, a fantasia começa
a solapar a sua realidade e os gestos repetitivos e inadequados intensificam-se,
como por exemplo o gesto de cuspir.
Mas
havia um ambiente onde de fato Phoebe sentia-se bem, no teatro, desempenhando o
papel de Alice. Foi apoiada pela professora, que na visão psicopedagógica,
permitiu à menina uma autonomia para compor os personagens e a peça. Esse
ambiente afetivo e de confiança auxilia posteriormente a sua inserção no mundo
escolar, já ciente de sua situação psicológica. No entanto, a professora também apresenta um comportamento questionável, uma vez que coloca a menina em risco de vida quando permite sua subida ao ponto mais alto do teatro.
O
filme mostra o lado humano dos pais, a mãe envolvida num trabalho no qual expõe
a filha que mergulha de cabeça na fantasia de Alice e passa então a sonhar e
viver segundo a própria personagem da história. Quando surge a oportunidade de participar da peça de teatro na escola, Phoebe já transita
entre fantasia e realidade e acaba incorporando a Alice da peça.
Começa
a delirar quando vê e fala com os personagens, que são as pessoas de seu
convívio transformadas em personagens da história de Alice no País das
Maravilhas. No início, aparentemente a menina não demonstra possuir uma patologia,
pois existe muita fantasia em casa e na escola.
A
escola é inadequada, não acolhe a menina questionadora e curiosa, sensível ao
mundo ao redor, confusa entre realidade e fantasia, acabando por se entregar a
esta última quando a realidade passa a ser insuportável.
A
pior doença acaba por ser a ignorância. O conhecimento traz
esclarecimentos, luz onde havia confusão e dúvidas, negação e muita dor.
A patologia
da menina estava encoberta no circulo familiar. À medida em que ela descobre o
teatro, tudo vai se descortinando, a doença e o caminho para a resolução. A
arte abre a possibilidade de Phoebe expressar-se de outra forma e nela encontra
um caminho de libertar-se.
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